Crescimento das Hamburguerias mesmo com a Crise Nacional

26 de Novembro de 2016
A moda das hamburguerias veio para ficar. Aliadas ao conceito gourmet, estas novas unidades conquistam consumidores de todas as classes socias e etárias com ofertas cada vez mais diferenciadas e inovadoras. Inspirados nas tendências mundiais, os novos empresários não têm medo da concorrência e acreditam que, no que toca à venda de hambúrgueres, ainda há muito para crescer.

Os hambúrgueres estão a ganhar um novo estatuto. O novo conceito de fast casual baseia-se em alimentos de melhor qualidade, melhor e diferenciada preparação, preços económicos e muitas vezes sem serviço de mesa.

O conceito surgiu no início do XXI nos Estados Unidos e depressa apareceu em Portugal. Em 2007 surgiu, em Lisboa, a H3 e em 2008 foi a vez da Hamburgueria Gourmet, também na capital. A Bugo – Art Burgers (Porto) começou em 2010. A onda começou a crescer em 2012, com Hamburgueria do Bairro (Lisboa), Hambúrgueres Honorato (Lisboa) e Hamburgueria da Parada (Lisboa). Porém, o ano de 2013 assistiu a um boom das hamburguerias diferenciadas: B’Perfects Burguers (Lisboa), Bun’s – O Atelier do Burguer, To B To Burguer (Lisboa), Munchie – The Burguer Kitchen (Matosinhos), Baixa Burguer (Porto), New York Sliders (Porto) e Real Hamburgueria (Porto). Este ano foi inaugurada em Lisboa a Bolo do Caco – Hamburgueria Gourmet. E isto só para citar as casas mais emblemáticas.

O mundo é a inspiração

Marco Cabaço, da Real Hamburgueria, referiu que antes de criar esta empresa tinha por objetivo iniciar-se na vida empresarial. “A ideia deste negócio surgiu após uma viagem à Bélgica, em que tivemos contato com uma casa de hambúrgueres artesanais. Entretanto tivemos também conhecimento que já existiam algumas casas do género em Lisboa, e decidimos fazer algo diferente”.

João Vasconcelos é quem dá a cara pela B’Perfects Burguers, que também sublinha a necessidade de empreender um negócio. “A hamburgueria, porque me pareceu, na altura, que ainda havia espaço para ser melhor do que já havia no mercado e, acima de tudo, porque é um produto com uma abrangência em relação ao público-alvo gigante, toda a gente gosta de um bom hambúrguer”.

Alexandre Meireles já tinha alguma bagagem de negócio de restauração, visto ser filho do chefe Francisco Meireles e sobrinho de José Meireles, “empresário de sucesso na restauração em Nova Iorque”. Este empresário explica que “os sliders são bastante apreciados naquela cidade”. Tratam-se de hambúrgueres de pequenas dimensões, o que em Portugal constituiria um conceito inovador.

Catarina Duarte conta que a Bugo Art Burguer nasceu “depois de dois dos sócios terem vivido na Nova Zelândia, onde as hamburguerias gourmet já proliferam há muitos anos.

Rui Domingos, da Hamburgueria Gourmet, afirma que o motor para avançar o de “criar uma oferta nova inexistente e desconhecida na altura”. A Hamburgueria Gourmet tem três restaurantes e tenciona abrir mais um em Lisboa. “Em 2015 iremos abrir uma pizzaria com a mesma filosofia”.

Florian Letellier, da Bun’s Burguer – O Atelier do Burguer, teve um impulso mais emocional. “Sempre gostei dos hambúrgueres, mas eu tenho ficado muitas vezes dececionado com a qualidade do que podemos encontrar num restaurante em França, onde morava. Gosto muito de cozinhar, tenho o hábito de preparar os meus próprios hambúrgueres em casa, preparando molhos e fazendo o pão. Até que um dia, um dos meus sócios, Geoffroy Moreno, propôs-me abrir uma hamburgueria em Lisboa, há quase dois anos”.

Este empresário francês teve ainda um outro incentivo: a família. “Queria oferecer um estilo de vida mais ‘família’ e menos stressante do que tinha em Paris. O sucesso das hamburguerias em Paris e na maioria das grandes cidades europeias, convenceu-me rapidamente a vir para Lisboa com a ideia de oferecer aos meus clientes hambúrgueres caseiros com bons produtos. Após um ano de viagens, de ida e volta, a procurar um local e bons fornecedores, chegámos no início do verão passado. Tive a oportunidade de abrir o Bun's no início de setembro de 2013, três semanas após o nascimento da nossa segunda filha, nascida a poucas centenas de metros do restaurante”.

“A subida do IVA foi, sem dúvida, uma ‘facada nas costas’. O peso dos impostos torna pouco convidativo abrir empresas de restauração em Portugal. Acreditamos que todos devemos pagar os nossos impostos, mas se descessem o IVA e aumentassem a fiscalização ajudariam as empresas da área a prosperar e ao mesmo tempo combateríamos a fuga fiscal” – salienta Catarina Duarte.